segunda-feira, 28 de março de 2011

Lotus

Perturbas-me a paz. Todos os meus sentidos se misturam e atrapalham, desconexos, afectados da tua presença. Procuro as forças para manter a postura mas todos os meus gestos se revelam um esforço inconsequente. Os meus olhos denunciam-me, revelando o turbilhão que me fazes sentir no âmago do meu ser. São mais corajosos que eu, honestos na plenitude das suas emoções, enquanto eu me retraio e pondero impaciente cada palavra. Tenho-te ao alcance de um abraço e vejo-te, observo-te, sigo os teus olhos e esse teu sorriso encantador, até a maneira graciosa como fumas um cigarro. Mas todos eles me desarmam uma e outra vez e perco-me em vontades e desejos. Mas sei que a nossa história ainda não foi toda escrita. E talvez um dia destes percebas no meu olhar tudo aquilo que tenho para te dizer. Ou talvez ganhe o alento que me falta, quando não resistir mais a esse teu encanto e me perder de vez, em ti.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Estelar

Pequenos fogachos ardentes subsistem na superfície do meu corpo. Marcas indeléveis do teu contacto. Gestos primorosos que, rotulados de inocente decalque, afloraram emoções há muito enterradas. O oxigénio extingue-se à nossa volta, consumido pelo fogo que me assola, e não percebes que a salvação está nos teus (a)braços. E em breve serei cinza, nada mais que resíduo. Não me deixes findar assim.